Preservação Cultural e Inovação no Espírito Santo
No dia 5 de novembro, comemoramos uma data de grande relevância: o Dia da Ciência e da Cultura. Em tempos onde a busca por conhecimento é frequentemente marcada pela superficialidade e a dependência de tecnologias, como a inteligência artificial, este artigo se dedica a destacar a singularidade de alguns espaços culturais do Espírito Santo.
A cultura e suas expressões se revelam ao longo do tempo e do espaço, manifestando-se tanto em ambientes fechados quanto ao ar livre. Essas expressões estão intrinsecamente ligadas à historicidade, aos costumes e às tradições locais.
Um exemplo notável é o ofício das paneleiras de Goiabeiras, em Vitória, cuja produção de panelas de barro é uma tradição indígena reconhecida como “Bem Imaterial” pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
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Historicamente, essa produção era realizada em um barracão de madeira, com a queima das panelas ocorrendo às margens do mangue. Contudo, em 2011, a Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV) implementou melhorias significativas no espaço, proporcionando condições adequadas para a fabricação e comercialização dos produtos. Essas mudanças transformaram o local em um atrativo turístico, criando uma experiência imersiva e sensorial para os visitantes.
Além disso, a área ao redor do espaço de produção também recebeu investimentos, respeitando sempre os processos de fabricação e queima das panelas. Essa preocupação é um dos aspectos mais relevantes da contemporaneidade: oferecer condições para as manifestações culturais sem comprometer seus processos e padrões.
A integração entre arquitetura e urbanismo é fundamental para essa harmonização, permitindo que os espaços edificados se comuniquem com os ambientes livres. Essa é a essência que caracteriza a ambiência do lugar, marcada por elementos únicos, como a histórica Igreja de Anchieta e o largo de chegada, emoldurado por uma majestosa castanheira.
O casario do Porto de São Mateus e a praça que se conecta ao rio Cricaré, assim como a igreja de São Sebastião em Itaúnas, representam a união entre patrimônio religioso e cultural. A interconexão desses espaços ressalta as relações urbanas, interpessoais e a memória coletiva que deles emanam.
Em breve, os eventos do Teatro Carlos Gomes retornarão, complementados pelas atividades no SESC Glória, promovendo uma ampla ocupação cultural nas áreas como a Praça Costa Pereira, a Rua Sete e a Baía de Vitória. Essa movimentação cultural se expande para o Cais das Artes e sua Esplanada, além de conectar-se com a Prainha, o entorno da Igreja do Rosário e o Convento da Penha, que agora possui mais mirantes e menos tráfego de veículos.
Assim, é inegável que as manifestações culturais atuam como instrumentos de preservação da memória histórica do Estado, reforçando a coesão social e celebrando a diversidade étnica que configura a identidade capixaba.
A reflexão sobre a importância da preservação e da integração das manifestações culturais e dos espaços históricos no Espírito Santo reafirma que a cultura é um alicerce vivo e vibrante de uma identidade forte. Celebrar o Dia da Ciência e da Cultura é, portanto, um convite à valorização contínua desses locais — que vão desde a tradição milenar das paneleiras de Goiabeiras até os marcos arquitetônicos que moldam nossa paisagem e memória coletiva.
Que a contínua harmonia entre tradição, urbanismo e inovação garanta que esses espaços culturais permaneçam como catalisadores essenciais para a coesão social e a perpetuação da rica diversidade do nosso povo.
